Desde a minha graduação em Moda, sempre me pego pensando: ao estudarmos um pouco sobre a história da moda, fica fácil entender que as roupas são uma forma de expressão de um grupo, de uma comunidade, de uma década, até mesmo de um século. Olhando todo o ciclo da moda até aqui, podemos perceber o quanto estamos evoluindo rapidamente, mudando pensamentos, fazendo questionamentos e nos expressando através do vestir. A facilidade de interação das mais diversas formas e com pessoas do mundo todo faz com que fique fácil assimilar novos pensamentos e criar o seu próprio discurso. Discurso esse que muitas vezes é comunicado até mesmo por quem acredita não estar comunicando nada, assim como na cena emblemática do filme “O diabo veste Prada”, onde a personagem Andy riu, durante a escolha de peças para um editorial, onde a discussão era: qual cinto azul escolher? Miranda rebateu o riso provando a ela que até mesmo as roupas que ela vestia despretensiosamente foram lançadas por grandes estilistas e escolhidas pelas pessoas daquela sala, fazendo todo o ciclo da moda desde o lançamento nas marcas exclusivas, até chegar nas redes fast-fashion para toda a população.
Construí esse raciocínio porque, após entrar para a no.wasTee, me pego pensando na história da camiseta dentro do mundo da moda, o item mais vestido do planeta, que, de tão acessível, muitas vezes se torna banalizado, principalmente dentro do mercado de moda. Chega a ser irônico: as t-shirts são carro-chefe de muitas marcas, mas na hora da passarela o que é apresentado são coleções exuberantes de difícil uso comum. Mas se a camiseta é o item mais usado, por que ela é tão menosprezada? Lembro que os momentos mais marcantes da minha vida geralmente tinham uma camiseta envolvida, aquela camiseta de uniforme que foi assinada por todos os amigos da escola, que no próximo ano não estariam mais juntos. A camiseta do trote do vestibular, que deveria ter sido emoldurada com aquela sujeira de barro e ovos que marcaram uma grande conquista e a passagem de um ciclo, mas nem foi preciso porque mesmo após a lavagem as manchas permaneceram lá, e cada vez que arrumo o guarda-roupa e encontro uma pilha de camisetas históricas é como se os momentos voltassem e eu pudesse reviver em alguns flashes tudo o que passou. E quantas pessoas não tiveram as suas vidas marcadas por camisetas da sua banda predileta ou do seu time do coração, uma camiseta autografada pelo seu ídolo ou um abadá de um carnaval histórico?
Camisetas não são simples camisetas, elas são lembranças; elas contam histórias de pessoas, de lugares, de gostos, de sentimentos. E hoje me deparo com essa camiseta de gola quadrada, criada pela minha amiga Fabi, um item que à primeira vista causa certa estranheza em quem nunca viu uma gola quadrada, por simples falta de costume, acredito eu. Mas dois segundos após entender que essa peça é um símbolo, um símbolo de proteção ao planeta, um símbolo para quem realmente se importa com o futuro da humanidade, percebo que a vontade de sair usando apenas esse modelo não é só minha. Todos são contagiados pela possibilidade de contribuir com a diminuição da pegada de carbono, com o lixo praticamente zero na mesa de corte e com todos os benefícios que uma pequena escolha na hora da sua compra pode trazer para o nosso planeta. Acredito que, com tantos acontecimentos climáticos inesperados, os olhares em vários setores, não só na moda, vão mudar muito! Acredito também que cada pequeno gesto, cada pequeno ato importa nesse momento, principalmente pelo exemplo. Pode ser que minha geração não viva todos os impactos que podemos estar semeando hoje para um futuro melhor, mas tenho fé que as gerações que estão nascendo possam colher esses frutos de um esforço comum e necessário.
Vamos começar hoje? Deixo aqui o convite para continuarmos escrevendo a história da moda, agora de uma forma mais sustentável, com a no.wasTee. Vem com a gente?
Cassiana Portes
15/05/2024